LUCAS NGONDA TEM ORGULHO DE SI PRÓPRIO?


Fonte: Correio Kianda

Lucas Benghy Ngonda, presidente suspenso da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), há muito que estaria privado de sua liberdade, caso as violações sistemáticas aos Regulamentos e Estatutos partidários, bem como os golpes à moral e à ética – premissas fundamentais para a estabilidade e coesão interna das organizações políticas, fossem tipificadas como actos puníveis pela Lei e a Constituição.
Ora, os erros são tantos, pois o homem teve inclusive a ousadia de vilipendiar a honra de um morto (Holden Roberto, uma prática incomum para os africanos), na sua mais recente entrevista que concedeu à Televisão Pública de Angola (TPA).
Porém, Lucas Ngonda, que tem nos últimos 20 anos, marcado o seu percurso político com uma postura “indisciplinada”, revela-se avesso a qualquer acto que promova a conciliação interna, desde que o referido processo não o coloque à testa do partido – facto que, por inerência de função, dá-lhe o privilégio de se sentar ao lado do chefe de Estado, no Conselho da República. “Tudo pelo interesse pessoal, nada mais”, dizem outros.
Independentemente das razões que o visado poderá apontar para justificar a tal postura indigna, a verdade, porém, é que Ngonda (sem nos darmos ao trabalho de rememorar factos velhos) foi suspenso do cargo de presidente do partido por 50%+1 (que estatutariamente constitui o coro para um encontro decisório) dos membros do Comité Central do então Movimento de Libertação Nacional, na manhã do dia 04.03.17, no CEFOCA, sita na comuna do Hoji Ya Henda, município do Cazenga, em Luanda.
Na sequência, os militantes indicaram Fernando Pedro Gomes, que até aqui, se tem revelado na maior figura de consenso, para dirigir interinamente o partido até a realização do Congresso, aprazado para os dias 28 a 30 de Abril do presente ano.
Em reacção à medida, a direcção de Lucas Ngonda que é, entre muitas, acusada de extorquir dos comissários do partido junto a CNE, cerca de 30% do seu salário, contrariando os estatutos da FNLA, que determinam apenas o pagamento de uma quota equivalente a 10% das referidas remunerações, se nega, com imensas justificações despidas de qualquer suporte estatutário ou legal, a respeitar a decisão do Comité Central.

Face ao vertido, embora seja perdoado pela direcção interina (de Fernando Pedro Gomes), em nome da conciliação interna, boa parte dos militantes exige a sua expulsão do partido, tal como o mesmo procedeu com outros membros de peso, no passado.
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A AURA DOS GOVERNANTES

Mauro Adriano
Por: Mauro Adriano Fernando*

O ciclo da telepolítica abriu palcos para exibir seus actores, melhorar os discursos, maquiar situações e plantar versões no jardim da política. A propaganda pavimentou o caminho dos governos na esteira de um Estado adornado pela fosforescência mediática, exaltando seus chefes e promovendo desfiles de personalidades.

A estética embalou a semântica, criando até embaraços em Políticos não afeitos a teatralização, como o ex-presidente francês François Mitterrand, que chegou a lamentar: "Na TV, o que eu digo vale bem menos do que a cor que as pessoas enxergam em mim".

A propaganda governamental evoluiu de tal maneira que passou a ser protagonista nas estratégias de persuasão social. Os governos tornaram-se os maiores anunciantes dos veículos. Vamos acompanhando nos últimos tempos, quanto os mesmos têm gastado com propaganda governamental. Propaganda é a alma do negócio, ou seja, da imagem e da visibilidade.

Restam as perguntas:

Há sentido em gastar tanto dinheiro em propaganda quando se vêm a infinidade de buracos na estrutura de serviços?

Analisemos a questão. É dever dos governos prestar contas de suas tarefas a sociedade, da mesma forma que é um direito do cidadão saber o que os governantes fazem mas não deveriam fazer; não fazem mas deveriam fazer; ou fazem porque são obrigados constitucionalmente a realizar.

O jogo democrático carece de informação e transparência, possibilitando ao representado monitorar as acções desenvolvidas pelos representantes. O problema passa a existir com a montanha de exageros formada para glorificar as administrações.
Plasmar uma aura para abrilhantar factos que não passam de mera obrigação do governante; criar efeitos estéticos para engabelar o telespectador; maquiar dados; montar uma engenharia persuasiva para provar que gato é lebre; enfim, cobrir o corpo dos governantes com um manto de beleza e exuberância, convenhamos, pode até ser elogiável no aspecto da criação publicitária, mas é discutível do prisma ético.

*Consultor Político
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