MINISTÉRIO DO INTERIOR QUEIXA UNITA NA PGR
Texto de: Pedrowski Teca
Fonte: F8
O Ministério do
Interior, órgão tutelar da Polícia Nacional de Angola, remeteu na passada
quarta-feira, 13 de Julho, à Procuradoria-Geral da República (PGR), um
inquérito dos incidentes mortais registados no dia 26 de Maio último, que
envolveu uma delegação parlamentar da UNITA e militantes do MPLA na localidade
de Cambundo, município da Capupa, província de Benguela.
Apesar da delegação da
UNITA ter sido vítima de uma emboscada classificada como acto de intolerância
política, o inquérito acusatório, segundo o director do Gabinete de Estudos,
Informação e Análise do Ministério do Interior, comissário Aristófanes do
Santos, numa conferência, a 27 de Junho do ano em curso, instaura dois processos
crimes, em que são participantes o secretariado do comité municipal da UNITA,
por actos de agressões física, danos materiais, fogo posto e ofensas corporais,
que resultaram em morte, e a Polícia Nacional contra elementos da UNITA, por
uso e posse ilegal de armas de fogo, concorrido com homicídio voluntário.
No que aconteceu no dia
26 de Maio, o inquérito do Ministério do Interior alega que a retirada de duas
bandeiras levou com que os militantes do partido MPLA se revoltassem,
originando os tumultos ocorridos, que resultou na morte de três pessoas e o
ferimento de seis outras, duas delas por disparos de armas de fogo e as
restantes por espancamento, dois dos quais efectivos da Polícia Nacional,
alegadamente atacados por supostos simpatizantes da UNITA.
O líder da bancada
parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que também foi vítima da mesma
emboscada, dissera em conferência de imprensa que com o resultado do inquérito
apresentado, “ficou claro que o Ministério do Interior autoriza assassinar
cidadãos quando em causa está a retirada de bandeiras”.
A UNITA denunciou
anteriormente que na origem do caso estiveram elementos alegadamente afectos ao
MPLA, dizendo por isso ter-se tratado de um caso de intolerância política.
Em comunicado de
imprensa emitido a 12 de Julho, o Ministério do Interior revelou o envio do
inquérito a Procuradoria-Geral da República, envolvendo deputados da oposição,
em Benguela, para aprofundar os resultados e a “imprescindível” audição de
“detentores de cargos políticos”, foi hoje anunciado.
No mesmo documento, o
Ministério do Interior também recomenda à população a adopção de uma “conduta
responsável de respeito à diferença” em actos que coloquem em causa “a ordem e
tranquilidade públicas”.
Por orientação do presidente?
Duas semanas após o
Ministério do Interior ter anunciado a conclusão do inquérito sobre o incidente
em Cubal, a 1 de Julho, o presidente José Eduardo dos Santos orientou o
aprofundamento das investigações do acto, isto na cerimónia de abertura da IV
sessão extraordinária do Comité Central do MPLA.
Parecia que o
Ministério do Interior havia concluído o seu trabalho, tendo distanciado o
partido no poder aos acontecimentos, afirmando que o incidente ocorreu entre a
UNITA e a população do Cubal.
Contrariando o
Ministério do Interior, José Eduardo dos Santos lamentou os incidentes
ocorridos na localidade do Cubal, província de Benguela, especificando o
envolvimento de militantes da UNITA e do seu partido.
“Lamentamos os
incidentes verificados no Cubal, província de Benguela, entre militantes da
UNITA e do MPLA. As entidades competentes da polícia e do Ministério do
Interior estão a tomar providências e informaram-me que estão a aprofundar o
inquérito para determinar correctamente o que se passou”, anunciou na ocasião,
José Eduardo dos Santos.
O presidente da
República garantiu que “tudo deve ser feito para evitar que situações como
estas voltem a acontecer. Ninguém deve fazer justiça por mão própria. Os
cidadãos e pessoas colectivas, partidos políticos ou associações devem recorrer
às autoridades quando alguém tentar violar ou violar de facto os seus
direitos”.
Com estas orientações
do “chefe”, o Folha8 questiona se o conteúdo do inquérito submetido à
Procuradoria-Geral da República, na passada quarta-feira, foi feita para
garantir a justiça sobre o ocorrido, ou será o mesmo, anunciado pelo director
do Gabinete de Estudos, Informação e Análise do Ministério do Interior,
comissário Aristófanes do Santos, a 27 de Junho, e que impõe dois processos
crimes contra dirigentes da UNITA, que foram vítimas da emboscada?
No mesmo diapasão,
perguntara em conferência de imprensa, o líder da bancada parlamentar da UNITA,
Adalberto da Costa Júnior, entre várias questões sobre o inquérito, entre as
quais “a quem o Ministério do Interior está a querer proteger?”.
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