“AO PÃO BARATO HAVEMOS DE VOLTAR”


Por JA/D. Políticas

Quem vive no interior do espaço geográfico angolano sabe o quanto é difícil comer pão nos dias que correm. O pão pequeno que anteriormente custava dez kwanzas (com 1 dólar podia-se comprar dez pães) passou a custar Kz50,00 (com 1 dólar compras apenas dois), os fabricantes justificam com o alegado alto preço da varinha de trigo.

Ora, algumas pessoas, sobretudo estrangeiras poderão perguntar-se porquê que os angolanos lamentam e escrevem tanto sobre os actuais preços do pão? Na verdade, Angola é um país rico, mas a deficitária distribuição da riqueza gerou muitos pobres, há famílias que, face as dificuldades financeiras, tinham na chamada refeição «pão com xá», o peque-almoço e almoço, ficando o funje reservado para o jantar. Quotidianamente, a dieta-alimentar era a mesma.

Se no período em que cada barril de petróleo (já que cerca de 60% das receitas angolanas provêm deste produto) custava 100 dólares e concomitantemente havia divisa em grande quantidade, seja no mercado formal e paralelo, a vida de muitos angolanos já era como descrita acima, é óbvio que face a actual crise económica e financeira a vida dos angolanos quase que se tornou indescritível.

Governo aplica medidas para baixar preço do pão

No entanto, para mitigar a difícil situação do povo, o Executivo e seus parceiros estão a concertar ideias, para que nos próximos tempos, a farinha de trigo seja comercializada de forma dirigida aos industriais do sector de panificação e pastelaria, para evitar a subida galopante do preço do pão, anunciou o  director do gabinete de Comércio e Indústria do Governo da província de Luanda (GPL).

José Manuel Moreno, que falava à imprensa, no final de um encontro entre o GPL e os empresários da província ligados à panificação e pastelaria, disse que os industriais têm apresentado dificuldades na aquisição de farinha de trigo.
Durante o encontro, no qual participaram a Associação dos Industriais da Panificação, Pastelaria Angola e a Associação Empresarial de Luanda ficou acordado que, doravante, a farinha de trigo é comercializada de forma dirigida.
O Executivo, disse, está a criar mais projectos para a fácil aquisição da farinha de trigo. No momento, acrescentou, o Posto Aduaneiro de Luanda está a receber o produto, que dentro de dias é comercializado aos panificadores.
Após o comércio dirigido do trigo, referiu, os vendedores podem baixar o preço do pão, de modo que a população o possa adquirir a preços mais acessíveis e evitar ainda que a farinha de trigo vá parar ao mercado negro. Com a entrada dos 40 contentores de farinha de trigo, actualmente a serem descarregados no Posto Aduaneiro de Luanda, os industriais do sector vão pagar por cada saco sete a nove mil kwanzas, uma queda em relação aos actuais 25 mil kwanzas.
O Executivo, acrescentou, tudo está a fazer, por via do Posto Aduaneiro, para regularmente importar farinha de trigo e comercializá-la às empresas e particulares que cumprem as suas obrigações fiscais. “O objectivo é não deixar que a farinha de trigo chegue ao mercado paralelo a preços, na maioria das vezes, especulativos.”
O presidente da Associação dos Industriais da Panificação, Gilberto Simão, informou que além da nova estratégia de comercialização do trigo, têm trabalhado com o GPL e parceiros na criação de uma central de compras e formação dos profissionais deste sector. Gilberto Simão considera vantajosa a venda dirigida da farinha de trigo, por ser um produto importado, que tem custado muitos valores ao Executivo, em especial nesta fase de crise. “Agora cabe aos industriais e profissionais do sector, que pagam impostos, evitar que a farinha de trigo seja vendida de forma ilícita”, apelou.
A venda dirigida da farinha de trigo, destacou, permite ainda aos industriais começarem a prestar contas e criarem um mapa de produção para justificarem o produto que receberam. “Só assim se pode identificar os industriais que realmente trabalham. Actualmente existem muitos industriais legalizados, mas descapitalizados, que não produzem e apenas compram a farinha de trigo para vender no mercado paralelo”, esclareceu.
O presidente da Associação Empresarial de Luanda, Francisco Viana, lamentou o facto de existirem no país empresários estrangeiros que investem no sector, mas não aparecerem nas reuniões agendadas para debater sobre as melhorias e apresentar propostas inovadoras.

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