SAÍDA DE JES SÓ SERÁ BENÉFICA SE FOR PACÍFICA
Por Redacção
Há muito que debates acesos e conversas amenas no seio familiar sobre à
mesa de jantar e não só, relativamente ao abandono ao poder de José Eduardo dos
Santos têm dominado o país inteiro, mas a questão ganhou ainda mais corpo desde
que o próprio chefe de Estado anunciou a sua retirada da vida política activa
para 2018, durante a reunião do Comité Central do partido governante – o MPLA,
a 11 de Março de 2016.
Para muitos, face ao arrastar dos anos de poder absoluto e ininterrupto,
o estadista José Eduardo dos Santos, não devia mais esperar até ao ano de 2018,
pelo contrário, devia largar o “trono” já! Ora, a maioria dos que advogam tal
teoria, crêem que o país não precisa urgente de alguém que se mostre capaz de
resolver no imediato, os problemas do povo, mas sim, doutrinar e familiarizar a
população com a ideia de que o poder reside e pertence ao povo, e que, em face
disso, pode e deve retirar os governantes sempre que estes não correspondam com
as expectativas.
Os mesmos (defensores da tal teoria) acreditam também que o Presidente
da República já não tem nada para oferecer ao país, e, por isso mesmo, deve ser
forçado a abandonar o barco com urgência.
Melhor modelo é o apresentado por Chivukuvuku
Abel Chivukuvuku, Presidente da CASA |
No entanto, é óbvio que nenhum ditador (como Dos Santos tem sido
rotulado) ou tirano abandonou o poder sem o derramamento de sangue ou tendo
como opção a substituição consanguínea. Mas se estivermos atentos, poderemos
facilmente perceber que Dos Santos permanece naquela cadeira desde 1979, muito
por consequência dos longos anos de guerra, também um pouco por já não saber como
viver sem o poder político, económico e militar que a Presidência da República lhe
proporcionou, pois lá está desde os seus 37 anos de idade, hoje, tem 74 anos. Contas
feitas: o homem viveu 37 anos como cidadão comum e igual número de anos como
Presidente da República, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA)
e o verdadeiro de Chefe de Governo. Então, psicologicamente, não é fácil saltar
daí!
Por outro lado, não é coerente trata-lo por Ditador ou Tirano, mas
também não sensato apelidá-lo por democrata. Infelizmente, o Presidente não é
uma coisa nem outra. Pese embora seja uma pessoa boa de se lidar, segundo
diversos mais velhos que com ele conviveram, labutaram e partilharam inúmeros temas.
No entanto, para serenar os espíritos (pois Angola precisa) é curial que
o estadista Dos Santos saia do poder de forma ordeira e pacífica como tem
apregoado o Presidente da CASA, Abel Epalanga Chivukuvuku.
As vias mais apropriadas para o Presidente da República sair do poder
são, primeiro: as Eleições, 2º caso não perca as Eleições - permitir que ele
cumpra os dois mandatos de cinco anos previstos pela Constituição, ou por
iniciativa própria, ele mesmo se retira da vida política activa, assim como anunciou
que o fará em 2018. Ao optar pelo último cenário, Dos Santos deverá sentar-se à
mesma mesa com as diferentes almas vivas do país (sejam do poder, oposição,
sociedade civil e líderes religiosos com reconhecida idoneidade) para, em nome
de todos, discutirem sobre um Pacto de Regime.
Voltaremos.
jornalfalante@hotmail.com
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