Dos Santos tornou-se mentiroso?
Fonte:
Lusa/Club-k.net/D.Políticas
Presidente da República discursando no Luena |
O Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, disse na cidade do Luena, durante a
abertura da reunião das comissões da Economia e para a Economia Real do
Conselho de Ministros, que a Sonangol não tem contribuído para o Tesouro do
Estado há cerca de seis meses, mas segundo os dados do Ministério das Finanças
postos a circular, a referida empresa estatal garantiu cerca de 60 por cento de
todas as receitas do Estado com a exportação de petróleo em Maio.
No entanto, a
existência de tal discrepância-informativa quanto a gestão da coisa pública
entre o Titular do Poder Executivo e seus auxiliares preocupa profundamente a
população, entretanto, ou o “camarada” Presidente decidiu passar a mentir os
pobres, com objectivo de torna-los mais mansos, ou os seus auxiliares têm-no,
deliberadamente, omitido diferentes factos.
No caso vertente, os
dados do MINFIN acrescentam ainda que em Abril do presente ano, a Sociedade
Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) arrecadou Kz65 mil milhões (USD392,7
milhões) em receitas para o Estado, registo que em Maio de 2015 foi de apenas
Kz 43,6 mil milhões (USD 263,4 milhões).
Cada barril de crude
produzido em Angola custa actualmente em média USD 14, valor que a nova
administração da concessionária estatal Sonangol, liderada por Isabel dos
Santos, quer reduzir para “oito a dez dólares”.
A posição foi
transmitida a 9 de Junho pelo presidente da comissão executiva da Sonangol,
Paulino Jerónimo, questionado pela agência Lusa no final de uma reunião na sede
da empresa com as administrações das petrolíferas internacionais que operam em
Angola.
Estas
disponibilizaram-se para participar no processo de redução de custos, no âmbito
da reestruturação e ganhos de eficiência anunciados por Isabel dos Santos para
a concessionária estatal.
“Tendo em conta todos
os operadores, o nosso custo em média [por barril] é de 14 dólares e dito isso
devem compreender que precisamos de fazer um esforço maior em termos de
redução. [O valor desejado pela Sonangol é] Oito a dez dólares”, disse ainda o
administrador executivo da petrolífera estatal no final de uma reunião em que
participou igualmente a presidente do conselho de administração, Isabel dos
Santos, também empossada nas funções a 6 de Junho.
Angola é o segundo
maior produtor de petróleo da África subsariana, com cerca de 1,7 milhões de
barris de crude produzidos diariamente no onshore e offshore. Contudo, o
aumento da produção nos últimos meses contrasta com a quebra na cotação do
barril de crude no mercado internacional, que caiu dos mais de USD 100 em 2014
para menos de 30 no início deste ano, cifrando-se nos últimos dias acima dos
50.
Daí que,
enfatizou o presidente da comissão executiva da Sonangol, a redução de custos
seja “muito importante”, tendo em conta que, sem isso, “qualquer projecto em
Angola, neste momento, não terá sucesso”.
“Necessariamente, os
custos de produção terão que ser reduzidos para permitir novos projectos”,
sustentou Paulino Jerónimo, afastando “de princípio” a necessidade de revisão
dos contratos de partilha de produção com as operadoras.
“Primámos pelo princípio da estabilidade”
A petrolífera estatal
apresentou uma queda de 34 por cento na receita do ano passado, face a 2014,
registando igualmente uma descida dos lucros na ordem dos 45 por cento,
atribuíveis principalmente à queda do preço do petróleo.
A receita total da
Sonangol em 2015 foi de Kz 2,2 biliões (USD 13,2 mil milhões).
Depois de tomar posse
como presidente do conselho de administração e administradora não executiva da
Sonangol, a empresária e filha do chefe de Estado, Isabel dos Santos, explicou
que o modelo de reestruturação da empresa prevê a criação de uma holding
operacional, outra de apoio e serviços logísticos e a função concessionária do
sector petrolífero propriamente dito, para “aumentar a rentabilidade, a
eficácia a transparência” da empresa.
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