UNITA votou na “letargia política”
Os mais influentes membros da UNITA |
Pese embora já terem
passados mais de cinco meses, os resultados eleitorais internos saídos do XIIº
Congresso Ordinário da União Nacional para Independência Total de Angola
(UNITA), realizado entre os dias 3 a 5 de Dezembro de 2015, no Complexo
Sovismo, em Luanda, estão a ter repercussão negativa na vida social, económica
e política do país.
Pois, independentemente
do que se possa afirmar, o Galo Negro é, até aqui, o maior “Partido de Massas”
na oposição em Angola, e em face disso, por mais que finja, o regime o treme, sempre
que este decida fazer uso de seu poder.
Mas infelizmente,
muitos dos militantes do Galo Negro não têm noção da dimensão do partido em que
militam, tão pouco da simpatia que o povo nutre por ele.
Daí, fazerem descaso da
importância de ter um líder forte, criativo, que possa frear certos apetites (impopulares
e inconstitucionais) dos membros e do próprio Titular do Poder Executivo, José
Eduardo dos Santos.
Entretanto, desde o 9º
Congresso Ordinário da UNITA, no qual o General Paulo Lukamba Gato saiu
derrogado, muito por culpa dele mesmo, que a República de Angola começou a
regredir muito rapidamente no campo das liberdades (expressão, imprensa,
escolha política etc) e democracia, ao ponto de chegarmos ao ridículo de
pisotearmos as cláusulas pétreas da Constituição da IIª República.
Ora, as
cláusulas supra são limitações
materiais ao poder de reforma da Constituição de um Estado. Em outras palavras,
são dispositivos que não podem ser alterados, nem mesmo por meio de emenda,
tendentes a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas
definidas.
Portanto, fazendo fé
nas informações postas a circular, foi o MPLA que aquando das alterações à Lei
constitucional introduzidas em 1991, que insistiu para que tal instrumento
constasse na Constituição, porque temia que a UNITA vencesse as eleições com
maioria que a permitisse realizar emendas constitucionais de acordo o seu
cumprimento e largura.
No entanto, como já se
tornou cediço as “bicadas” por tudo quanto é norma por parte do partido
governante, os deputados do MPLA, numa acção arrojadamente irresponsável,
inconstitucional e antipatriótica, aprovaram o ante-projecto de Constituição da
República de Angola (lavrado pela Presidência da República) que por além de ter
dado entrada à Comissão Constitucional da Assembleia Nacional fora dos prazos
estabelecidos, violou vergonhosamente o espírito e a letra das cláusulas
pétreas da anterior constituição.
Isaías Samakuva, presidente do Galo Negro |
Após esta obra indigna,
outros males foram-se multiplicando, cimentou-se a exclusão no acesso à
educação académica de qualidade, no acesso à saúde, água, energia eléctrica,
multiplicaram-se também os actos de intolerância política, causando inclusive
mortes não só de militantes de partidos políticos, bem como de cidadãos comuns.
Ante tamanho descaso
governativo evidentemente indefensável para pessoas sérias, a UNITA e seu
líder, Isaías Samakuva, imbuídos na estratégia que se pode depreender em ver,
ouvir, sentir e calar, mantêm-se indiferentes.
No entanto, até para o
MPLA é importante que Angola tenha partidos e líderes na Oposição com
imaginação e criatividade, cuja acção impeliria o Executivo e seu Titular a
gerir melhor a coisa pública.
Mas os militantes do
Galo Negro deixaram deliberadamente escapar esta sagrada oportunidade ao
depositarem mais um voto de confiança ao ilustre Isaías Henrique Ngola
Samakuva, neste último Congresso.
Em consequência deste
acto, continuamos na mesma estaca. Desviam-se milhões de dólares doados para a
saúde, crianças morrem por falta de medicamentos nos hospitais, a crise
económica, financeira e cambial faz-nos morada, e em face disso, muitos
perderam seus postos de trabalho, a fome aperta e em contrapartida aumentam-se
os casos de pedofilia, portanto, são tantos males que cá já não teriam lugar,
caso a UNITA (a única formação que pode dar um basta nisso) tivesse uma
liderança diferente.
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