Comunistas portugueses criticam “manobras em Portugal contra Angola”

Delegação do PCP encontra-se no país para aprofundar as relações com a liderança do MPLA
O Partido Comunista Português (PCP) considerou ontem prejudiciais o que considera serem campanhas em Portugal contra Angola, promovidas por alguns sectores, manobras com as quais aquela força política diz que não pactua.

A posição foi manifestada ontem em Luanda por Pedro Guerreiro, membro do secretariado do Comité Central do PCP e responsável pela secção internacional, no final de um encontro com o MPLA, partido no poder.
Em declarações à imprensa no final do encontro de duas horas, Pedro Guerreiro disse que a deslocação a Angola tem como objectivo aprofundar as relações entre os dois partidos e conhecer a actual realidade em Angola, nomeadamente os actuais desafios que se colocam ao país.
“Portugal e Angola têm relações históricas, que devem ser desenvolvidas em prol dos interesses mútuos de cada um dos seus povos, potencialidades que há que se desenvolver e criar as condições para esse progresso nessas relações”, frisou.
Pedro Guerreiro sublinhou que durante vários anos, alguns sectores em Portugal procuraram ingerir-se na situação interna angolana.
“O nosso partido sempre teve uma posição contrária a essa, de rejeição desse posicionamento de determinados sectores e sempre solidário com o povo angolano na defesa da sua soberania, na defesa da independência, da integridade territorial, da unidade do Estado, do progresso do povo. Isto é, sempre assumindo que cabe ao povo angolano, que conquistou heroicamente a sua independência, a decisão quanto ao presente e ao futuro do seu país, livre de quaisquer ingerências externas”, destacou.
Garantiu que o PCP tem denunciado essas manobras, através do seu posicionamento político, não pactuando com elas.

Aliado histórico do MPLA desde o período da luta anticolonial, ainda em Março passado o PCP rejeitou no parlamento português um voto de condenação apresentado pelo Bloco de Esquerda sobre a “repressão em Angola” e com um apelo à libertação dos “activistas detidos”, criticando a governação de José Eduardo dos Santos.
O PCP – que se juntou no voto contra ao PSD e CDS-PP – demarcou-se totalmente desta iniciativa, apresentando uma declaração de voto na qual se adverte que outras forças políticas “não poderão contar” com os comunistas “para operações de desestabilização de Angola”.
A delegação portuguesa, que integra também José Capucho, membro do secretariado do comité Central do PCP, e Carlos Chaparro, membro do Comité Central, está em Angola a convite da direcção do MPLA.
O programa de visita reserva além do encontro de ontem, uma audiência com o vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, uma deslocação à província do Huambo, onde será recebida pelo primeiro-secretário do Comité Provincial do MPLA, Kundi Paihama, um encontro com o grupo parlamentar do MPLA e visitas a novas centralidades, em Luanda e no Huambo.

O regresso a Lisboa está previsto para sexta-feira.

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