Segundo Ryan: Trump poderá ser corrido pelos delegados
Paul Ryan, actual líder
da Câmara dos Representantes, e tido como o homem mais forte dos republicanos,
nos EUA, diz que continua a apoiar o magnata Donald Trum, mas alerta que os
delegados poderão correr com o pré-candidato caso não mude de postura.
Donald Trump |
fonte: euronews
A
desesperada estratégia no interior do Partido Republicano para travar a
nomeação de Donald Trump pode até estar destinada ao fracasso desde o início,
mas alguns dos mais altos responsáveis do partido já não conseguem disfarçar
que gostariam de dormir descansados sem terem o magnata do imobiliário a
causar-lhes pesadelos.
Um dos que tem passado
mais noites em branco por causa da mais do que provável possibilidade de Trump
vir a ser confirmado como representante oficial do Partido Republicano é Paul
Ryan, nada mais, nada menos do que o líder da Câmara dos Representantes e, por
inerência, n.º 2 na lista de sucessão do Presidente dos Estados Unidos, a
seguir ao vice-presidente do país.
Na qualidade de líder
da Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso norte-americano; a
câmara alta é o Senado, cujo líder é, por inerência, o vice-presidente dos EUA,
o Democrata Joe Biden), Paul Ryan é quem ocupa o mais alto cargo entre todos os
membros do Partido Republicano no actual panorama político dos Estados Unidos.
Paul Ryan |
Por isso, a sua
evidente falta de confiança no homem em quem os eleitores do seu partido mais
votaram nas eleições primárias é sintomática do mal-estar nas mais altas
estruturas (aquilo a que Donald Trump e os seus apoiantes costumam chamar o establishment).
Ryan nasceu
politicamente com o Tea Party, e foi com o apoio desse movimento mais à direita
no Partido Republicano que chegou a ser candidato a vice-presidente ao lado do
mais moderado Mitt Romney, em 2012 (Romney é actualmente um dos maiores críticos de Trump). Mas nos últimos anos
foi-se afastando do Tea Party e agora é visto como mais um político do talestablishment –
chegou a líder da Câmara dos Representantes em finais de Outubro do ano passado e, aos 46
anos, tem uma indisfarçável ambição de concorrer à Casa Branca nas eleições de
2020.
No início de Maio, já
depois de se ter tornado evidente que Donald Trump
iria alcançar o número de delegados suficiente para ser
nomeado candidato oficial na convenção do partido, Paul Ryan causou sensação ao
anunciar publicamente que ainda não estava pronto para declarar o seu apoio ao
magnata. Esse apoio acabou por chegar, quase um mês depois, ao fim de vários
encontros entre as duas figuras e membros das respectivas equipas.
Mas tornou-se evidente
que Ryan nunca se sentiu confortável no papel de apoiante de Trump.
No dia 8 de Junho, Paul
Ryan disse que Donald Trump tinha proferido declarações racistas, depois de o
magnata ter declarado que o juiz Gonzalo Curiel, nascido no estado
norte-americano do Indiana, tinha um conflito de interesses e não podia julgar
um dos processos interpostos por pessoas que dizem ter sido burladas por uma instituição
conhecida como "Universidade Trump" – o motivo desse conflito de
interesses, segundo Trump, é que os pais do juiz nasceram no México e o
candidato prometeu construir um muro na fronteira com esse país.
O pai de Gonzalo
Curiel, Salvador, chegou aos Estados Unidos na década de 1920 e tornou-se
cidadão norte-americano. Em 1946, Salvador casou-se no México com Francisca,
que se se tornou também cidadã dos Estados Unidos – na mesma década que a
mãe de Donald Trump, Mary Anne MacLeod, que nasceu na Escócia. Gonzalo Curiel viria a nascer em 1953 em East Chicago, no Indiana.
Ainda assim, Ryan disse
que iria manter o seu apoio ao candidato escolhido pelos eleitores do Partido
Republicano, e apelou a Donald Trump que começasse a mostrar uma campanha mais
inclusiva, para não alienar o voto de muitas fatias do eleitorado nas eleições
presidenciais de Novembro.
Mas o candidato não só
manteve o rumo que lhe deu a vitória nas primárias como carregou no acelerador
na última semana.
Depois do massacre numa
discoteca frequentada pela comunidade LGBT em Orlando, no estado da Califórnia, onde o atirador Omar Mateen
matou 49 pessoas, Donald Trump escreveu na rede social
Twitter uma mensagem que foi muito criticada no interior do Partido
Republicano, considerada insensível e pouco mais do que auto-elogiosa:
"Agradeço as felicitações por estar certo em relação ao terrorismo radical
islâmico, mas não quero parabéns. Quero firmeza e vigilância. Temos de ser
espertos!
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