“CLINTON ODEIA OS CATÓLICOS” – DIZ TRUMP
Fonte: DP/Público
“A Hillary odeia os
católicos, mas finge que não”, acusou Donald Trump, candidato à Presidência dos
EUA, durante um jantar de angariação de fundos, realizado pela igreja liderada
por Papa Francisco.
O candidato republicano denunciou,
sem no entanto, saber sustentar tal tese. “A Hillary odeia os católicos”, ficou
por aí. Melhor preparada, Clinton criticou Trump pelos pronunciamentos xenófobo,
machista e pela sua relação estreita com o presidente russo, Vladimir Putin.
No caso vertente, os dois
candidatos à presidência americana estiveram quinta-feira na angariação de
fundos em que era suposto dizerem piadas um sobre o outro. Trump foi fiel a si
mesmo e chegou a ser apupado, Hillary foi mais contida, mas não se coibiu de o
atacar várias vezes.
Como diz o diário The
Washington Post estavam à partida reunidas as condições para que um jantar de
beneficência em Nova Iorque, recheado de importantes (e ricos) convidados, se
transformasse noutra coisa. É que entre esses convidados sentados à mesa
estavam Hillary Clinton e Donald Trump, apenas um dia depois do último e
acalorado debate televisivo entre os dois candidatos à presidência americana. E
a isto é preciso juntar o facto de se esperar de ambos que falassem e que,
durante essa breve intervenção, dissessem piadas um sobre o outro.
Trump, o primeiro a subir ao
púlpito, pareceu ter confundido o contexto em que discursava - o que disse
estava mais para um comício republicano com a sua marca inconfundível do que
para um jantar destinado a angariar fundos para organizações de caridade
católicas que apoiam crianças - e fez uma série de acusações a Clinton. E se a
resposta da sala passou algumas vezes por risos e gargalhadas, outras houve em
que o candidato republicano foi apupado.
Como nestas: "Hillary é tão
corrupta que foi corrida da Comissão Watergate [criada para a investigar o
célebre escândalo político que envolveu a Administração Nixon na campanha
presidencial de 1972]. Quão corrupto é preciso ser-se para ser corrido da
Comissão Watergate?", perguntou, referindo-se também a um alegado desvio
de fundos destinados ao Haiti na Fundação Clinton. "Aprendemos tanto com o
WikiLeaks. Aprendemos, por exemplo, que Hillary acredita que é vital enganar as
pessoas tendo uma política em público e outra completamente diferente em
privado… E aqui está ela esta noite, em público, fingindo que não odeia os
católicos", acrescentou, num jantar presidido pelo arcebispo de Nova
Iorque, Timothy Dolan. Os convidados não gostaram.
Clinton arrancou menos risos
à audiência, mas não entrou no jogo mais agressivo de Trump, ainda que não
tenha deixado de o criticar, fazendo referência, por exemplo, aos seus frequentes
comentários machistas ou xenófobos e à sua estreita relação com o Presidente
russo, Vladimir Putin.
Procurando cumprir as
expectativas - por regra destes jantares que têm um democrata por patrono,
Alfred E. Smith (1873-1944), antigo governador de Nova Iorque e também ele
candidato à presidência - a ex-secretária de Estado não dispensou a autoironia:
"Este evento é tão especial que eu resolvi fazer uma pausa no meu rigoroso
horário da sesta… Eu estar aqui é também uma espécie de guloseima para todos vocês
- é que eu costumo cobrar muito dinheiro por discursos como este."
Mais à frente haveria de
acrescentar: "As pessoas dizem, e eu já as ouvi dizer, que eu sou muito
aborrecida quando comparada com Donald, mas eu não sou nada aborrecida. Eu fui
a alma de todas as festas em que estive, e eu já estive em três."
É claro que, mesmo sem
entrar no registo do adversário, Trump foi o seu alvo preferencial: "E
porque este jantar é por uma causa tão nobre, Donald, se em algum momento não
gostar do que eu estou a dizer, não se coiba de se levantar e gritar 'errado!'
enquanto eu falo [algo que o republicano fez recorrentemente nos debates
televisivos]." Os mesmos debates em que a candidata diz ter demonstrado a
sua energia, algo que o seu oponente republicano diz que ela não tem.
"Tive de ouvir Donald durante três debates inteiros e ele ainda diz que eu
não tenho resistência… São quatro horas e meia. Agora eu já posso dizer que já
estive ao pé de Donald Trump mais tempo do que qualquer um dos seus directores
de campanha."
"É óptimo estar aqui
com mil pessoas maravilhosas, aquilo a que eu lhe chamo habitualmente um
pequeno, íntimo, jantar com alguns amigos. Ou como Hillary lhe chama, a sua
maior audiência esta temporada", dissera por seu turno o multimilionário,
momentos antes, brincando com o arcebispo de Nova Iorque, numa das suas poucas
tiradas que não tinham a adversária democrata como alvo. "Como sabem, eu e
o cardeal Dolan temos algumas coisas em comum. Por exemplo, ambos dirigimos
propriedades impressionantes na 5.ª Avenida. É claro que a dele é mais
impressionante do que a minha", disse.
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