Fonte: Público
Portugal garante meio ano
de acesso sem problemas ao financiamento do BCE e fica com novo trunfo para
apresentar nas negociações orçamentais com Bruxelas.
Decisão da DBRS representa
um alívio para a pressão a que Portugal está submetido nos mercados NUNO
FERREIRA SANTOS
A agência de notação
financeira DBRS decidiu nesta sexta-feira manter orating que atribui a Portugal
sem qualquer alteração, garantindo que o país vai continuar a poder ter acesso
ao financiamento do Banco Central Europeu (BCE) pelo menos durante os próximos
seis meses.
No relatório agora
publicado, a agência canadiana reafirma a classificação de BBB (baixo) com uma
tendência estável que tem vindo a dar nos últimos anos a Portugal. Este é o
primeiro nível de rating considerado como “grau de investimento”. Se a DBRS
tivesse optado por fazer descer a nota, a dívida pública portuguesa passaria a
ser classificada como “especulativa”. Ou, dito de outra forma, o rating
passaria a estar em nível de “lixo”.
A decisão de manutenção do
rating tomada nesta sexta-feira pela DBRS pode ser recebida como um grande
alívio em Portugal. Um cenário de redução dorating significaria que Portugal
deixaria de ter, entre as quatro agências utilizadas pelo BCE, qualquer
classificação acima do nível “lixo”, já que Standard & Poor’s, Fitch e
Moody’s têm todas um rating para Portugal mais baixo do que o da DBRS.
Se tal acontecesse, a
consequência poderia ser uma perda de elegibilidade da dívida portuguesa para
as operações realizadas pelo banco central – isto é, o BCE deixaria não só de aceitar
títulos do tesouro portugueses como garantia nos seus empréstimos, como também
deixaria de comprar dívida nacional no âmbito do seu programa de aquisição de
activos nos mercados. Tanto os bancos como o Estado passariam a ter
dificuldades acrescidas para obterem o financiamento de que precisam.
Na prática, ao assegurar
agora que o rating se mantém acima de “lixo”, a DBRS está a dar a Portugal uma
garantia que pode durar provavelmente até Abril, a data previsível para a
próxima avaliação por parte desta agência. Ainda não está definida a data
exacta, mas as agências têm de anunciar pelo menos duas datas por ano para
divulgação de relatórios e a DBRS tem analisado o rating português
aproximadamente de seis em seis meses.
Assim, durante este
período, a expectativa nos mercados deverá ser a de que o desempenho de
Portugal se manterá estável, com os investidores menos preocupados com o risco
de mudança no rating português e com o BCE a ajudar a segurar as taxas de juro
bastante baixas através das compras de dívida portuguesa que realiza nos
mercados.
Para além disso, a decisão
da DBRS constitui mais um sinal positivo importante a apresentar pelo Governo
nas suas negociações com as autoridades europeias sobre a política orçamental
seguida e a sobre eventual saída do Procedimento por Défice Excessivo, algo que
poderá acontecer em Março, caso o défice português fique abaixo de 3% em 2016.
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