AS ELEIÇÕES E O RESPEITO PELAS DIFERENÇAS
Façamos um pouco de
história sobre a problemática da diferença. A visão da ciência sobre a
diferença informa-nos que esta pode manifestar-se a partir de várias dimensões:
étnica, política, religiosa, económica, etc. No quadro das relações humanas é
salutar que as diferenças sejam geridas a partir de uma visão antropológica. A
antropologia moderna explica-nos que ser diferente não é ser inferior, sejam
quais forem as variáveis que compõem esta diferença. A diferença é um produto
de todas as sociedades, povos e nações, deve ser enquadrada na problemática da
Diversidade quer biológica quer cultural, ou de outra natureza.
Embora a experiência nos
mostra que no quadro das relações políticas nem sempre a diferença é respeitada
e que esta situação é maia grave durante os processos eleitorais, em que o
adversário é frequentemente instrumentalizado ao ponto de se lhe retirar
identidade, nada seria mais perigoso para Angola do que manter hábitos que alimentem
o ódio entre grupos. Necessitamos de cidadãos conscientes que respeitem o
outro, animados todos pelo espirito da angolanidade.
O respeito pela diferença
deve ocupar um lugar central durante o processo eleitoral como sinónimo de
maturidade política dos actores envolvidos em tal processos. Por isso, "o
confronto" entre políticos, em minha opinião deve incidir no respeito pelo
outro, no princípio da alteridade, na medida em que o outro não é um alvo a
abater mas um concorrente com direitos e princípios reconhecidos no jogo
democrático.
Enquanto eleitores esperamos
que os partidos políticos nos convenção pela solidez dos seus programas e que
na sua vontade de alcançarem o poder político conheçam as necessidades reais
das massas, o que eles pretendem, como vêem os políticos, que interesses
perseguem, quais as suas representações sociais. Embora pareça medieval, a
verdade é, "as massas possuem uma profunda tendência para venerar
personalidades. No seu idealismo(...) têm necessidades de deuses terrenos aos quais
se agarram com tanto mais amor quanto mais duras forem as suas condições de
vida (Robert Michels, 1989:92).
Para nó eleitores
angolanos, as eleições não são uma mera troca de governos nem uma simples
continuidade dos mesmos. De forma simplificada pode dizer-se que, neste acto
que todos esperamos que decorra com normalidade contém, nas suas estranhas, os
sonhos de alguns e a esperança de todos para uma vida diferente.
Os políticos devem
compreender que as massas esperam que a inteligência de cada cidadão seja posta
ao serviço da pátria e não na criação de intrigas que possam encaminhar o país
para uma intolerância exacerbada com repercussões negativas.
*Consultor Político
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