CNE PROMETE ELEIÇÕES ABERTAS E DIALOGANTES
Fonte: Opais
André da Silva Neto voltou atrás na decisão de se
demitir, depois de um diagnóstico médico errado. A Oposição diz que lhe tem
faltado coerência.
O presidente da
Comissão Nacional Eleitoral (CNE), André da Silva Neto, assegurou ontem que as
próximas eleições, ao contrário das anteriores, serão mais abertas, dialogantes
e com maior interacção com todos os partidos políticos envolvidos. Falando à imprensa
momentos após a sua tomada de posse, diante dos deputados da Assembleia
Nacional, para mais um mandato de cinco anos à frente do órgão reitor das
eleições em Angola, Silva Neto declarou que os actos que vai praticar “daqui em
diante falarão por si”. Relativamente à sua suposta renúncia ao cargo, enviada
em carta à Assembleia Nacional, André da Silva Neto confirmou o facto alegando
ter sido movido pelo estado de saúde em que se encontrava.
O responsável
explicou que a decisão se deveu a um diagnóstico médico errado, feito na altura
em que se encontrava no exterior a fazer o tratamento. “Isso deveu-se a um
diagnóstico médico errado, na altura em que eu fui para o exterior fazer exames
médicos. O especialista que me consultou diagnosticou uma doença que me
impossibilitava de trabalhar. Ele queria submeter-me à uma operação de urgência
na coluna vertebral, que me impossibilitaria de caminhar por um período
superior a três meses”, explicou o presidente da CNE. Disse que depois de ter
feito outros exames médicos que descartavam a gravidade da sua doença,
regressou ao país e reconsiderou a sua posição na CNE, aconselhado pelos amigos
e familiares a continuar a dirigir o processo eleitoral das próximas eleições,
defendendo que os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos na liderança da
CNE facilitariam para um processo mais linear e transparente.
“Estou preparado
para o que der e vier. Eu sou um profissional correcto, exerço a função há mais
de trinta anos, e as pessoas que trabalham comigo conhecem a minha imparcialidade.
Os actos que praticarei daqui em diante falarão por si”, assegurou. No que
concerne ao voto dos cidadãos angolanos no estrangeiro, André da Silva Neto
referiu que se trata de uma matéria que está no cronograma para ser aprovada no
Plenário da Comissão Eleitoral e anunciada em tempo oportuno. Entretanto,
durante a 3ª Reunião Plenária da Assembleia Nacional foram à votação final
global as propostas de Lei da Publicidade e a Lei de Alteração à Lei da
Advocacia e ainda a Ratificação da Carta Africana do Transporte Marítimo e o
Relatório da Provedoria de Justiça à Assembleia Nacional, depois de terem sido
objecto de discussão pelas Comissões de especialidade.
Oposição contra o mandato do presidente
da CNE
A UNITA e a
CASA-CE manifestaram- se contra a tomada de posse do presidente da CNE, André
da Silva Neto, para mais um mandato de cinco anos. O presidente da Bancada
Parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho “Miau”, justificou o voto do
seu partido alegando que, “muitas das fraudes que ocorrem no país durante os
pleitos eleitorais, acontecem sob o olhar silencioso de quem preside a Comissão
Nacional Eleitoral”. “Por essa razão e por muitas outras nós votamos contra a
sua recondução”, disse “Miau”. Por seu turno, o vice-presidente da UNITA, Raul
Danda, disse na sua declaração de voto que o presidente cessante e reconduzido
da Comissão Nacional Eleitoral não tem facilitado a vida dos cidadãos angolanos
ao lhe confiarem a arbitragem da soberania angolana, devido à falta de solidez
da sua postura. “Queremos dizer ao senhor presidente da CNE que é preciso mudar
de comportamento. Tem sido de uma grande falta de coerência, por não ter
cumprido com aquilo que expressava na sua carta endereçada à Assembleia
Nacional pedindo demissão”, disse Raul Danda, acrescentando que, além dos
motivos de saúde de André da Silva Neto havia ainda outra razão ligada à
avançada idade, na qual ressaltava que a mesma lhe confere direito a um
merecido descanso.
Presidente da AN desencoraja suspeições
Ao intervir na 3ª
Reunião Plenária Extraordinária da 5ª Sessão Legislativa da III Legislatura da
Assembleia Nacional, que serviu igualmente para a tomada de posse do presidente
da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o presidente da Assembleia Nacional (AN),
Fernando da Piedade Dias dos Santos, afirmou “que a democracia tem como
princípios o respeito à lei e, como tal, os deputados devem evitar suspeições”
quanto às decisões dos órgãos de soberania.
Lembrou que o
candidato foi reconduzido pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial. Ao
responder às críticas de alguns deputados sobre a recondução de André da Silva
Neto, considerou importante “dar eficácia ao acto de tomada de posse”. “Nós
vamos dar eficácia a este acto com a tomada de posse e não vamos fazer
julgamento sobre exercícios futuros. Se houver no futuro necessidade de
reclamações e preocupações com o exercício do mandato, a lei tem mecanismos de
reclamação e de impugnação que nós devemos utilizar”, declarou. Pediu
objectividade aos deputados e sublinhou que o momento foi de “conceder posse
para dar eficácia à eleição que foi realizada e consumada pelo poder judicial”.
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