A MORTE POLÍTICA E ACADÉMICA DE VICENTE PINTO DE ANDRADE

Afonso Pina
Por Afonso Pina
Fonte: FB

Caso Vicente Pinto de Andrade na lista do MPLA
Na sequência da surpreendente aparição de Vicente Pinto de Andrade como nº 43 da lista de candidatos à deputado do MPLA para as próximas eleições, a TV Zimbo fazendo jus ao seu sentido de oportunidade e seriedade na informação, em substituição excepcional do “Debate Livre” às Terças-Feiras, realizou uma grande entrevista ao próprio Vicente Pinto de Andrade (VPA) com o fito principal de tentar dissipar as “nuvens carregadas” de dúvidas em relação à sua inusitada decisão.

Diga-se de passagem, que o entrevistador Francisco Mendes, como nos tem habituado, comprimiu cabalmente o seu papal colocando as questões certas e oportunas satisfazendo a ânsia de todos nós (um grande parabéns ao “Kota Chico”)! Não lhe fugiram questões como o que esteve na base da decisão de VPA, como se pode entender o seu posicionamento crítico anterior face à sua decisão, como será a sua postura no parlamento tendo em conta a disciplina partidária do seu partido etc.

VPA começou por justificar que a sua decisão terá resultado de uma conversa/convite do actual secretário-geral do MPLA, Paulo Kassoma. Como o próprio asseverou, para além das responsabilidades que ocupa no MPLA, Paulo Kassoma é seu amigo de longa data e portanto não teve “suspeitas” de si para clarificar a sua decisão. VPA acrescentou ainda que sempre foi militante do MPLA do qual pertence desde os 12 anos.
Em relação a posição crítica que sempre assumiu sobre a falta de democracia no MPLA, corrupção etc. diz tratar-se de tempos novos e que continuará a pensar “com a sua própria cabeça”.

Cabe-nos contextualizar que VPA economista e professor universitário, sempre apresentou-se publicamente como um crítico acérrimo do MPLA, que não tendo negado a sua militância, sempre contestou a falta de democracia interna e ausência de babate político inclusivo, má governação do país etc., tendo em 2005 apresentado a sua candidatura independe à presidente da república no âmbito da anterior Lei Constitucional.


Por conta das suas posições, VPA terá grandeado uma grande admiração junto dos seus concidadãos, sobretudo daqueles que como eu, sempre acreditaram em outras alternativas para uma Angola melhor. Nas suas palestras VPA “arrastava” muitos jovens que estavam dispostos a ouvir as suas ideias sobre o país. 
Na referida grande entrevista VPA não conseguiu responder nem de perto, nem de longe, se quem mudou foi ele ou o seu partido para tão surpreendente decisão de integrar a lista de candidatos a deputado.

Até que me provem o contrário, não acredito que VPA faça alguma diferença no parlamento. Não estou a ver nenhuma possiblidade de VPA continuar a pensar “com a sua própria cabeça” no parlamento face à rígida disciplina partidária a que o MPLA nos habitou em que prevalece o unanimismo e estrito cumprimento das “ideias clarividentes” emanadas pelo chefe/orientações superiores. Para além disso, se a transmissão das sessões plenárias do parlamento continuarem "manietadas" da "boa vontade" do partido que actualmente detém a maioria (e caso volte a ter maioria), não teremos uma leitura clara das eventuais posições de VPA no parlamento.

VPA tem de ter consciência que a sua decisão está em completa e inegável incoerência com o que vem assumindo até agora e que poderá marcar a sua “morte política” e académica que granjeou ao longo destes anos. Tem de admitir que a sociedade neste momento o encara como mais um que decidiu salvaguardar da melhor forma a sua “reforma” na “casa da aposentadoria”.

Também não é por nós desconhecido que VPA pertence a uma família que constitui uma elite que ora apresenta-se ao lado “do povo”, ora apresenta-se como autênticos “mamíferos” que não querem deixar de “mamar” nas “tetas” que reivindicam também ser sua pertença.
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