HRW PEDE INVESTIGAÇÃO À MORTE A TIRO POR MILITARES DE RAPAZ DE 14 ANOS NO ZANGO
Luanda - A Human Rights Watch (HRW) pediu hoje uma
investigação "imediata e imparcial" à morte de um rapaz de 14 anos,
alegadamente atingido a tiro em Luanda por militares durante um "protesto
pacífico" contra a demolição de centenas de casas.
Fonte: Club.k
Em comunicado enviado
hoje à Lusa, aquela organização internacional de defesa dos direitos humanos
afirma que o uso pelo Governo de polícia militar numa "manifestação contra
a demolição de casas", para um projeto de desenvolvimento, "levanta
sérias preocupações sobre o uso desnecessário das forças de segurança da força
letal".
A Lusa noticiou na
segunda-feira a morte de um rapaz de 14 anos, atingido a tiro alegadamente por
militares a 05 de agosto, no bairro Walale, na sequência de um processo de
demolições de centenas de casas na zona do Zango III, arredores de Luanda,
conforme denúncia feita na altura pela organização não-governamental angolana
SOS Habitat.
O caso tem motivado
contestação pública na sociedade angolana, exigindo uma investigação ao
sucedido e apoio à família do rapaz, que segundo os mesmos relatos estaria a
opor-se à demolição da casa dos pais. Terá sido atingido, segundo relatos de
testemunhas no local, no pescoço por um dos disparos feitos pelos militares
para dispersar a multidão que contestava as demolições.
"Soldados
angolanos dispararam munição real durante um protesto pacífico e o resultado
não surpreendente é a morte de um adolescente", acusa, no mesmo comunicado
emitido hoje, o diretor para África da HRW, Daniel Bekele.
Aquele responsável
exorta as autoridades angolanas a fazer uma investigação imediata à utilização
de fogo real e que levem a julgamento os responsáveis "por qualquer
irregularidade" neste caso, além de "tomarem medidas para evitar o
derramamento de sangue no futuro".
Os familiares da
vítima denunciaram que o cadáver do rapaz foi levado por militares para parte
incerta e apenas no sábado o corpo foi localizado numa morgue de Luanda,
registado "como uma criança desconhecida que foi morta a tiro",
segundo Rafael Morais, da SOS Habitat.
"A SOS
Habitat vai avançar para outros passos, para a Justiça, para que a Justiça seja
feita. Vamos ajudar a família a arranjar um advogado no sentido de poder saber
o que é se passou ou de encontrar o autor do disparo contra o rapaz",
disse anteriormente à Lusa o responsável daquela organização angolana.
Rafael Morais
acrescentou que no Zango II mais de 2.500 famílias foram afetadas pelas
demolições e no Zango III mais de 620 residências.
As autoridades
alegam, entre outros motivos, que as casas foram construídas no perímetro
reservado da Zona Económica Especial Luanda-Bengo, acusações negadas pelos
moradores.
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