PORTUGAL NUNCA BAJULOU ANGOLA NEM O MPLA
Por Adão Weka
Nos últimos tempos, muito se tem dito sobre a relação entre a República
de Portugal e a de Angola, mas as diferentes abordagens são e sempre foram
feitas com um pendor pejorativo sobre o Estado luso.
O termo típico angolano para se referir a certas individualidades portuguesas
que sejam amigas do MPLA – partido governante em Angola, «é bajulador».
Esse rótulo tem ganhado espaço e aderentes, até dos mais refinados intelectuais
angolanos. Pois, estas pessoas sentem-se defraudadas pelos sucessivos governos
portugueses, porque esperavam que a elite lusa os ajudasse a deixar cair o
MPLA, partido político que governa o país africano desde a independência - em
1975, ou que, no mínimo, expusesse os actos de violação de Direitos Humanos,
desvios dos fundos do erário público e etc, ao mundo ocidental.
Porém, de Portugal também surgem vozes críticas relativa a relação entre
os dois Estados. Os “cérebros” do lado luso consideram que a referida
relação é baseada na submissão de Lisboa.
Mas na verdade, os diferentes actores que se têm debruçado sobre o facto
em concreto se têm esquecido que por além dos factores históricos, amizade e
culturais, a relação entre a ex-colónia e a ex-potência colonizadora é baseada fundamentalmente
em aspectos ligados as Relações Internacionais – ciência que estuda
exclusivamente a relação entre diferentes actores internacionais.
A propósito, podemos definir a Relação Internacional como a afirmação do
poder – pode ser político, económico ou militar na comunidade internacional, e
que a política de cada Estado é baseada fundamentalmente no interesse nacional.
Ora, dito desse modo, podemos facilmente perceber que a postura lusa enquadra-se
no interesse económico do povo português. Pois, fazendo fé nas informações postas
a circular, há mais de oito mil e oitocentas (8.800) exportadoras portuguesas
no mercado angolano.
Estima-se ainda que cerca de 150 mil portugueses estão a trabalhar em
Angola, e que o referido Estado africano é o 4º maior mercado cliente de
Portugal.
Refira-se que em matéria de comércio de bens, as exportações de
Portugal para Angola cresceram 8,8% entre 2008 e 2012. Comparando o primeiro
trimestre de 2012 com o de 2013, esse crescimento é de 7,5%.
Em Angola são seis províncias que concentram maiores oportunidades
para Portugal: Luanda, Benguela, Huíla, Huambo, Malange, Cabinda e Namibe.
Desengana-se quem pense que algum Estado arriscaria perder um espaço comercial desta
dimensão.
De certeza que haverá intelectuais que dirão que Angola rubricou dezenas
de Tratados Internacionais, e que em face disso, Portugal tinha de ter a
coragem de chama-lo à razão, sempre que o referido país de Ngola, se desviasse
dos referidos princípios. Na verdade, Luanda tem muitos problemas, mas não deve
esperar que seja Portugal a resolvê-los.
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