“SÓ ERRA QUEM TRABALHA”
Fonte: Jornal de Angola
Está nas nossas mãos
Só erra quem trabalha, lá diz o ditado. Funciona como uma dialéctica que
homenageia o desejo de deixar obra.
Mas não só. Evoca acima de tudo a confiança e a coragem de quem se
sujeita a que se lhe apontem o dedo, sem nunca hesitar perante um novo desafio,
por mais difícil que pareça.
Temos eleições gerais este ano e toda a gente sabe o que isso representa
para os angolanos. Depois da primeira experiência em 1992, e tudo o que se
passou desde então, os angolanos fizeram por melhorar em 2008 e em 2012. A
normalidade política e a inerente previsibilidade dos actos eleitorais são um
desafio para todos os angolanos.
Estamos em ano de eleições. Todos sem excepção, são chamados a fazer
parte desta corrente positiva para uma nova demonstração de saber fazer, claro
que, dentro das limitações próprias de uma conjuntura da qual fazemos parte.
Porque toda a gente espera que esse exercício seja uma referência para
as demais nações africanas, todos somos poucos para fazer do processo eleitoral
um exemplo de transparência, de lisura e onde se sinta e respire harmonia e
concórdia.
Somos todos chamados a arregaçar mangas para que os eleitores angolanos
possam fazer a sua escolha de forma livre e consciente. Felizmente temos muitos
exemplos pelo mundo, até mesmo pelo nosso continente, de como devemos proceder
para se evitarem situações desagradáveis susceptíveis de manchar todo um
percurso que está a ser feito para que tenhamos instituições democráticas ainda
mais fortes.
No fundo, o que assistimos hoje é uma sequência de acontecimentos que
fazem a nossa história acontecer, e não nos podemos dar ao luxo de olharmos
para eles como se de meros factos isolados ou mesmo fortuitos se tratassem.
E essa forma de olhar para os factos conduz-nos a uma compreensão
inquinada da nossa bonita e rica História. Claro que sempre haverá quem, para
proveito próprio, prefira usar da memória selectiva e contar a história por
partes. De preferência as que mais ajudem a compor o drama para justificar
posições políticas perfeitamente irracionais e até criminosas se atendermos à
nossa história recente.
Desde que se calaram as armas, os angolanos passaram a poder pensar de
forma mais serena e dedicada como construir o seu futuro. Para que este
processo fosse inclusivo, foi preciso evitar a ideia de vencedores e derrotados
numa guerra fratricida, passar uma borracha na ficha dos protagonistas, sem
olhar para a cor da farda, nem mesmo a dimensão ou gravidade dos crimes cometidos.
Isto foi feito.
Escusado será falarmos aqui de outras coisas que foram feitas, e bem ou
mal permitem que hoje os angolanos possam planificar melhor o seu futuro e das
suas famílias, sem os receios do passado. Que assistamos às tragédias que
grassam nos povos da Síria, da Líbia, do Iraque, do Iémen, ou aqui perto, na
RDC, Sudão do Sul e República Centro Africana, como cenas remotas de um passado
que desejamos profundamente jamais voltar a viver.
Partilhemos todos da confiança de que o nosso, sublinho, o nosso
processo eleitoral vai decorrer com transparência e no espírito de harmonia e
concórdia, como disse o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Façamos disso uma convicção. E vamos mostrar ao Mundo, como de resto o fizemos
a 11 de Novembro de 1975, a 4 de Abril de 2002, e, desde então, em todas as
vezes que fomos “convocados” para um dever patriótico, fazer dessas eleições
uma referência para África. Está nas nossas mãos.
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