DOS SANTOS E NETANYAHU PODEM RESOLVER O IMPASSE DIPLOMÁTICO


O impasse diplomático está instalado. Angola e Israel – países amigos e parceiros em diversas áreas, divergiram quanto ao assentamento de Israel nas zonas da Cisjordânia e Jerusalém ocidental, circunscrições atribuías pela ONU à Palestina, desde 1947.


Ora, do ponto de vista “político-legal”, Angola tomou a posição mais acertada ao votar no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a favor da Resolução que obriga a retirada de Israel das zonas enunciadas.

Por outro lado, a administração de José Eduardo dos Santos cometeu um erro estratégico do ponto de vista das relações internacionais – tendo em conta que o Estado hebreu é parceiro sensivelmente estratégico para Angola. Ao votar contra Israel, os descendentes de Ngola ignoraram os factos históricos que levaram os judeus a alargar o seu território para lá das delimitações geográficas definidas pela ONU.


Após o domínio do império Otomano sobre a Palestina, o território ficou sob administração da Grã-Bretanha, que por causa de incessantes conflitos entre ingleses, judeus e árabes, face ao incumprimento da então promulgada Declaração de Balfour, que visava a constituição de um “lar judeu na Palestina”, o Reino Unido viu-se obrigado a ceder a administração da Palestina à ONU - instituição que após várias discussões e minuciosos estudos, decidiu, sob presidência do brasileiro Osvaldo Aranha, a partição da Palestina em dois Estados: um Árabe outro Judeu. Mas dominados pela vontade de eliminar os judeus da face da terra, os árabes rejeitaram às recomendações das Nações Unidas. 

Com o apoio militar directo do Egipto, Síria, Iraque, Jordânia e outros países árabes, os palestinos investiram fortemente contra Israel, o Estado hebreu zangou-se a sério e após ter vencido as respectivas batalhas, ocupou as zonas da Cisjordânia e toda Jerusalém. Hoje, após estarem cientes de que é inevitável a permanência de Israel na zona, os árabes reivindicam a legitimidade das circunscrições supra. Entretanto, se a República de Angola tivesse em conta os factores ora enunciados, preservaria sua relação com o Israel e, consequentemente, os hebreus não quebrariam a relação de amizade e cooperação que há muito partilha com o Estado angolano.

Mas como diz o adágio popular: «O que está feito está feito», resta aos dois chefes de Governo (Eduardo dos Santos/Angola, Benjamim Netanyahu/Israel) criarem as condições para o reatar da confiança e cooperação – elementos essenciais para uma sã convivência não só entre pessoas mas também entre os Estados.

Ora, os judeus dizem-se traídos por alegadamente terem recebido garantias de diplomatas angolanos de que abster-se-iam da votação. Entretanto, diante de tal realidade, só resta ao estadista angolano, José Eduardo dos Santos, sentar-se à mesa com o chefe de Governo israelense, explicando (com tacto) o que efectivamente terá passado e juntos encontrarem cominhos subsequentes que visem aperfeiçoar as referidas relações estratégicas.       

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