Fonte: F8
O aparecimento da imprensa em Angola data de
1845, contando-se 46 títulos na passagem do século passado. Pormenor de nota é
a referência a jornais produzidos por “angolenses”, o termo usado na altura
para os naturais de Angola, por oposição aos colonos provenientes de Portugal.
O primeiro jornal numa língua nacional “O Kimbundu” foi feito em Nova Iorque,
em Fevereiro de 1896.
O aparecimento do diário A Província de Angola
(PA) em 1923 é considerado como o início da imprensa comercial e de circulação
regular. Em 1936 surge o Diário de Luanda (DL), jornal que a par do PA,
constituem as duas mais antigas publicações angolanas, em 1974.
Na altura da proclamação da independência, em Novembro de 1975, o
Província de Angola tinha alterado o nome para Jornal de Angola (em 1974),
passando a ser o jornal governamental.
Cessaram a sua publicação os jornais O Comércio e ABC e as revistas
Notícia e a Semana Ilustrada, em Luanda, e desaparecem os poucos jornais
editados nas províncias, entre eles O Planalto, publicado no Huambo. O Diário
de Luanda, após uma breve interrupção, regressa às ruas da capital como jornal
vespertino, cessando a sua publicação em Maio de 1977, depois da sua linha
editorial ter sido conotada com o “fraccionismo”, uma cisão no partido do poder
(o MPLA) em Luanda (27 de Maio de 1977). Com o DL desaparecem várias pequenas
publicações fortemente politizadas, marcando um claro controlo da imprensa por
parte do MPLA. A Rádio Ecclesia foi extinta oficialmente a 24 de Janeiro de
1978.
Em 1975 é criada a agência nacional de notícias, a Angola Press (ANGOP),
um órgão de informação estratégico na lógica do sistema de partido único (a sua
oficialização veio a verificar-se em Fevereiro de 1978), em paralelo com a
Rádio Nacional de Angola (RNA) e a Televisão Popular de Angola (TPA), criadas
“revolucionariamente” em 1974 (quase um ano antes da independência).
A Angop estabelece-se em todo o país e cria delegações no exterior,
dispondo hoje de meios técnicos sofisticados: emissões computadorizadas e
serviços noticiosos em website próprio. É da Angop e da RNA que sai a primeira
geração de jornalistas formados após a independência. Foi também na agência
noticiosa que se travaram algumas das mais importantes lutas pela liberalização
do sistema de informação em Angola nos anos 70 e 80. A revista Novembro, uma
publicação com intuitos liberais criada no seio do próprio sistema, nunca teve
uma edição regular.
O sector da comunicação social foi aberto à participação privada em 1991
(a lei que garante a liberdade de imprensa foi publicada a 15 de Junho de
1991). Pouco antes das eleições gerais multipartidárias de Setembro de 1992,
com a liberalização do regime, surgem os semanários Correio da Semana e
Comércio Actualidade. A Rádio Vorgan, pertencente à UNITA, passa a emitir a partir
de Luanda e a venda do jornal Terra Angolana (publicação da UNITA editada em
Lisboa) é autorizada nas ruas da capital. Surgem também as primeiras rádios
privadas: a LAC, em Luanda, a RCC, em Cabinda, a Rádio Morena, em Benguela e a
Rádio 2000, no Lubango.
Com o reinício da guerra logo após as eleições, o desenvolvimento da
imprensa sofre um retrocesso. A Vorgan e o Terra Angolana passam a ter uma
existência clandestina nas áreas sob controlo governamental. Mesmo assim, em
1993 é criado o Imparcial Fax, uma pequena publicação de grande influência que
foi encerrada em Janeiro de 1995, após o assassinato do seu editor, Ricardo
Melo.
Surge nesse ano (1995) o Folha 8, outra publicação distribuída
inicialmente por fax e com grande influência junto dos sectores de elite na
capital.
Alguns meses após o estabelecimento do Protocolo de Lusaka (assinado a 20
de Novembro de 1994 entre o Governo e a UNITA), alguns jornalistas do Imparcial
lançam o Actual Fax, transformado, mais tarde, no semanário Actual.
Em Março de 1997 foi reaberta a Rádio Ecclesia, emitindo em FM para a
região de Luanda, e saía à rua o semanário tablóide a cores, Agora. O
Angolense, outro semanário tablóide a cores (editado em 1998) e o Independente,
completavam o panorama da imprensa de carácter generalista em Angola.
O aparecimento de novos títulos e rádios ocorreu no período 91/92, em
simultâneo com a liberalização do regime. Mas a situação sofreu novo retrocesso
com as confrontações armadas que se seguiram às eleições de Setembro de 1992.
Alguns apoios internacionais e iniciativas locais, ditaram o aparecimento de
novos títulos desde 1997, em paralelo com a reabertura da Rádio Ecclesia, uma
rádio que, não obstante o seu âmbito religioso, constitui um novo espaço de
abertura no panorama informativo angolano, embora o seu raio de emissão se
restrinja ainda à capital.
William Tonet.
Fundador e Director
William Tonet cresceu como “criança soldado”.
O seu pai foi um dos fundadores da 1ª Região Político-Militar do MPLA. Aos 8
anos de idade já dominava as comunicações militares.
Foi dos mais novos comandantes militares, com 16 anos de idade.
Esteve na Cadeia de São Nicolau, com o seu pai, preso, quando tentavam
abrir uma região político militar do MPLA, no Huambo, em 1968.
Foi um dos que implantou a organização dos pioneiros do MPLA, OPA, em
Luanda, e foi um dos comandantes que levou o porta-bandeira, em 11 de Novembro
de 1975, no dia da proclamação da Independência. Foi igualmente um dos
impulsionadores das estruturas juvenis da JMPA, nas fábricas e locais de
trabalho, em 1975/6.
Trabalhou no gabinete do então ministro da Administração Interna,
comandante Nito Alves, sendo responsável das comunicações e dos assuntos
juvenis.
Esteve preso em 1977 (na sua família estiveram quatro presos: ele, pai e
dois tios, enterrados vivos).
Em 1979 entrou para os quadros da TPA, como assistente de câmara, depois
de ter sido expulso do Jornal de Angola, por Costa Andrade, Ndunduma, acusado
de ligações aos chamados fraccionistas.
Na Televisão teve programas de grande audiência, destacando-se o
Horizonte, dedicado à juventude e com este programa contribuiu decisivamente
para as transmissões em directo. Tendo um espectáculo no Sporting de Luanda,
sido o primeiro directo da TPA.
Foi o primeiro delegado da TPA (Televisão Pública de Angola) em Benguela
e professor do ensino secundário, no Ciclo Velho.
Criou o programa Panorama Económico no período de partido único.
Constituiu uma novidade, para a época. Valeu-lhe muitos amargos de boca, tendo
estado este na origem da sua saída da TPA.
William Tonet ladeado
pelo chefe do Estado Maior das Forças Militares da UNITA, FALA, general Arlindo
Chenda Pena “Ben Ben” e pelo chefe das Operações das Forças Militares do MPLA,
coronel Higino Carneiro.
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