ELEITORES AMERICANOS DE 1976 SALVARAM O MPLA E CUBA
Por
Redacção
Alguns documentos secretos postos
a circular por algumas agências de inteligência atestam que se o presidente
Gerald Ford não perdesse às Eleições Presidenciais dos Estados Unidos da
América (EUA) de 1976, provavelmente o MPLA não estaria no poder em Angola e a
Cuba seria um caos.
Entretanto, como já é do
conhecimento colectivo, dado o facto de em Angola os EUA apoiarem a UNITA,
movimento fundado pelo politólogo Jonas Savimbi, Henry Kissinger, então secretário
de Estado daquela superpotência mundial, revelou-se deveras irritado pelo facto
de Fidel Castro, presidente cubano – Estado amigo da ex-URSS ter, em 1975, destacado
um contingente militar para apoiar as forças militares do MPLA que se
encontravam em guerra ideológica e militar com as forças armadas da UNITA e da
FNLA.
Porém, face a essa ousada
investida cubana que rapidamente criou dificuldades à UNITA e aos sul-africanos
que também tinham homens no referido teatro-militar – apoiando o Galo Negro,
Henry Kissingel, com medo que a “democracia (em Angola) perdesse diante do
socialismo”, ignorou os conselhos dos operacionais da Agência Central de
Inteligência (CIA) e persuadiu o presidente Ford para que ordenasse um ataque
aéreo (bombardeio) sobre Cuba.
A CIA alegava ser prematuro,
irresponsável e de consequências nefastas um ataque norte-americano contra Cuba
porque acreditava que os russos viriam em defesa dos cubanos e, possivelmente
seria o início de uma terceira guerra mundial.
Inconsequente, Kissinger insistiu
com a sua tese, tendo o chefe de Estado aceitado o seu conselho, embora reservasse
a operação contra a Cuba para depois das eleições presidenciais que se
aproximavam.
Na ocasião, segundo os documentos
postos a circular, o presidente Ford terá dito o seguinte: “Ok, iremos avançar
sobre Cuba, mas só depois das eleições”. Ora, cautelosa, a CIA sempre
mostrou-se contra, mas Henry, até aqui o mais influente secretário de Estado
norte-americano ao longo dos seus 240 anos de independência, defendeu
continuamente o aniquilamento de Cuba que, para ele, significaria a vitória da
democracia em Angola.
No caso vertente, para alegria do
MPLA e obviamente para tristeza da UNITA, Gerald Ford perdeu às Eleições a
favor de Jimmy Carter, um homem ligeiramente mais dialogante, pese embora
também tenha mantido o bloqueio económico contra Cuba.
Quem é Henry Kissinger
Henry Kissinger |
Henry Alfred Kissinger (nascido
Heinz Alfred Kissinger, a 27 de maio de 1923) é um diplomata estadunidense, de
origem judaica, que teve um papel importante na política externa dos Estados
Unidos da América (EUA), entre 1968 e 1976.
Em 1938, devido às perseguições
antissemitas (acções contra judeus) na Alemanha nazista, seus pais emigram com
ele para os EUA. Cinco anos depois, ele obtém sua cidadania americana,
precisamente a 19 de junho de 1943.
Depois de servir na Segunda
Guerra Mundial, fez o seu doutoramento pela Universidade Harvard em 1954,
tornando-se imediatamente instrutor na mesma instituição, depois de alguns
anos, obteve o título de professor.
Kissinger foi conselheiro de
relações exteriores de muitos presidentes dos EUA, de Eisenhower a Gerald Ford,
sendo secretário de Estado dos Estados Unidos (cargo equivalente a de ministro
das Relações Exteriores em Angola e de ministro dos Negócios Estrangeiros em
Portugal), conselheiro político e confidente de Richard Nixon.
Em 1973, ganhou, com Le Duc Tho,
o Prêmio Nobel da Paz, pelo seu papel na obtenção do acordo de cessar-fogo na
Guerra do Vietnam. Le Duc Tho recusou o prémio.
Entretanto, Henry Kissinger
esteve envolvido em uma intensa actividade diplomática com a República Popular
da China, o Vietnã, a União Soviética e a África.
Ainda hoje, é considerado uma
figura polémica e controversa, tendo alguns de seus críticos o acusando de
cometer crimes de guerra durante sua longa estadia no governo, como dar luz
verde à invasão indonésia de Timor (1975) e aos golpes de estado no Chile, no
Camboja e no Uruguai (1973), sendo que, por diversas vezes, Kissinger usava uma
política tortuosa, em que parecia jogar com um "pau de dois bicos".
Entre tais críticos, incluem-se o jornalista Christopher Hitchens (no livro The
Trial of Henry Kissinger) e o analista Daniel Ellsberg (no livro Secrets).
Apesar de essas alegações não terem sido provadas perante uma corte de justiça,
considera-se um ato perigoso para Kissinger entrar em alguns países da Europa e
da América do Sul.
Henry Kissinger foi um dos
mentores – ou mesmo o mentor – da chamada Operação Condor, para a América do
Sul, tendo o mesmo dito, certa vez ao ministro das relações exteriores
argentino da época: “Se há coisas que precisam ser feitas, vocês devem fazê-las
rapidamente”, referindo-se à eliminação e à repressão a quem era contra a
ditadura, incluindo-se aí, obviamente, métodos como torturas e mortes.
0 comentários: