CHAPECOENSE NÃO PODE SER O CLUBE DOS COITADINHOS
Vitor Rainho |
Por Vitor Rainho
Fonte: Jornal i
A tragédia que se abateu sobre a equipa de futebol brasileira do
Chapecoense – em que a quase totalidade dos jogadores perdeu a vida num
acidente de aviação na Colômbia, quando ia disputar a primeira mão da Taça
Sul-americana, uma espécie de Liga Europa – provocou uma onda de solidariedade
a nível mundial.
A tragédia que se abateu sobre a equipa de futebol brasileira do
Chapecoense – em que a quase totalidade dos jogadores perdeu a vida num
acidente de aviação na Colômbia, quando ia disputar a primeira mão da Taça
Sul-americana, uma espécie de Liga Europa – provocou uma onda de solidariedade
a nível mundial.
Várias equipas europeias disponibilizaram-se para ajudar o clube
brasileiro com jogadores ou dinheiro e também na América Latina foram muitos os
emblemas que seguiram o mesmo caminho. Como recordava Afonso Melo há dois dias
neste jornal, a morte que às vezes cai do céu já apanhou vários desportistas,
tendo dizimado equipas de futebol e de râguebi, por exemplo. Um dos acidentes
até acabou em filme, recordando o drama da equipa de râguebi chilena Old
Christians, nos Andes chilenos, em que os sobreviventes viveram cenas de
canibalismo. Os mais antigos lembram-se da equipa italiana do Torino, um dos
grandes emblemas mundiais há 80 anos, que perdeu a vida no regresso a casa
depois de de ter vindo jogar contra o Benfica.
Em todas as tragédias calculo que tenha havido gestos de solidariedade
para com os familiares e clubes envolvidos. Mas nos tempos que vivemos há muito
pouco tempo para pensar e todos querem ter uma atitude mais nobre altruísta do
que o vizinho. É preciso mudar o perfil do Facebook para pôr a bandeira de
França depois dos atentados, é de bom tom chorar com a vitória de Trump, e por
aí fora. As redes sociais acabam por obrigar as pessoas a dispararem mais
depressa sobre o teclado do que a pensar. Voltando ao Chapecoense, consta que
as outras equipas brasileiras que jogam no campeonato nacional querem que o
organismo máximo do futebol do país determine que nos próximos três anos o
Chapecoense não possa descer de divisão, mesmo que fique em último.
Querem que a equipa tenha tempo para se recompor. Acho uma idiotice
completa, já que o desporto de alta competição passa precisamente por se tentar
ser o melhor. Haver uma equipa de coitadinhos não me parece que seja muito
dignificante. Ao clube só lhe resta enterrar os mortos e tratar que os vivos
sejam campeões num futuro próximo.
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