GERAR FILHO POR CESARIANA NA MATERNIDADE PÚBLICA PODE CUSTAR kz100.000

Fonte: F8
Dezena de gestantes forçadas a dar à luz por via de uma intervenção cirúrgica (cesariana) nas maternidades Públicas, lamentam o facto de serem obrigadas a comprar o material (kit) completo para o referido parto, porque as unidades encontram-se alegadamente sem equipamentos, face a crise económica e financeira que assola o país há já dois anos.

Entretanto, F8 percorreu diferentes maternidades e a realidade é a mesma. A descrição dos factos na maternidade Lucrécia Paim e a do Hospital Geral Especializado Augusto N´ganungula são rigorosamente confundíveis.
Ora, segundo dona Joaquina, são as enfermeiras que indicam às parturientes ou aos familiares destas, as farmácias ou os mercados informais que mais comercializam os kits de parto com os preços mais acessíveis.

“O que estamos a passar é demais, não é somente por culpa da crise, pá! Os desvios de dólares ocorridos no sector da saúde e noutros contribuem fortemente para essa situação”, desabafou a anciã, acrescentando, que, “onde é que já se viu numa maternidade pública, as grávidas forçadas a gerar bebé cesáreo serem obrigadas a comprar Algalia, Bisturi, Amplicilina, Bránula, Comprensas Operatórias 20x20, Fios Vicryl, Traumático, Gluco Fisiológico, Luvas Cirúrgicas, Metronidazol, Sacos colectores e muito mais? Ao todo gastei cerca de KZ80 mil”, recordou.

Igualmente, Mauro Francisco, morador do Zango I, em Viana, Luanda, cuja esposa deu à luz um menino, por via de uma cesariana, diz ter gasto muito dinheiro desde as consultas até ao parto – que é a fase final da gestação.

“O meu primeiro filho foi cesáreo, em face disso, as enfermeiras do Hospital local disseram que ela tinha de fazer as consultas na maternidade Ngangula. Em todas as consultas (mensais) a médica recomendava um leque de análises que custavam quase sempre 18 mil ou 14 mil Kz, sem esquecer as receitas. Entretanto, tudo isso fez-me pensar que desta vez ela poderia nascer naturalmente. Ledo engano”, afirmou, adicionando, “infelizmente, na última consulta ela (esposa) foi obrigada a internar e submetida a operação cirúrgica um dia depois, mas antes, a enfermeira já me havia entregado a lista de material para comprar. Confesso que foi assustador”, lembrou o mesmo que diz a maternidade estar rigorosamente sem nada. Até lamina o rapaz foi obrigado a comprar.

“Não sei quanto custa gerar um filho por cesariana numa Clínica, mas acredito que há algumas em que não gastaria tanto dinheiro como aconteceu aqui no Ngangula. Fui obrigado a comprar o equipamento todo para o parto, depois, sob instrução de uma médica, tive de adquirir (nas farmácias) os medicamentos para os devidos curativos. Contas feitas, ultrapassei os KZ150.000”, desabafou outro interlocutor.


Em sentido contrário, Flávia Quintas, observa que nem todas as pacientes são obrigadas a comprar o kit de parto cesáreo. “A minha irmã, por exemplo, chegou hoje ao Ngangula, já teve o bebé por cesariana, mas não compramos nada”, afiançou. Ouvindo o informe que Flávia passava à nossa reportagem, Cláudia, uma jovem que acompanhava a cunhada que alegadamente já se encontrava no Bloco Operatório, retorquiu explicando à Flávia que a irmã daquela só não foi obrigada a comprar o material por ser um parto surpreso.


“Se a tua irmã fizesse as consultas aqui, e os médicos soubessem de antemão que o parto seria cesáreo, podes ter a certeza de que comprariam o kit todo. Só para acrescentar, o equipamento utilizado à tua irmã foi retirado do kit de outra pessoa”, defendeu.

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