MPLA DESFRUTA “BEM” O PRAZER DA MAIORIA PARLAMENTAR
O MPLA – partido governante
angolano desde 1975, conhece bem o sabor da maioria parlamentar. Ainda não
governou o país sob uma maioria relativa, que o forçaria a negociar para poder
fazer valer os seus intentos na “Casa das Leis”.
Entretanto, ao longo dos seus 41
anos de governação, o partido dirigido por José Eduardo dos Santos, sempre
conseguiu aprovar as propostas de leis lavradas por si ou pelo seu Executivo,
sem precisar de recorrer a apoio de outras organizações parlamentares.
O período mais difícil para o
partido governante se deu em 1992 que, fruto das Eleições daquele ano, a UNITA –
maior partido na oposição obteve 70 deputados, mas de lá para cá, os camaradas
vêm cilindrando os Maninhos, mesmo esta ter, nalgumas vezes, combinado o seu
poder a de outros partidos com assento parlamentar.
Ora, a aprovação ontem do
presente Orçamento Geral do Estado (OGE) pelos deputados à Assembleia Nacional,
com receitas estimadas em Akz 7.390.046.964.055,00 (sete triliões, trezentos e
noventa biliões, quarenta e seis milhões, novecentos e sessenta e quatro mil e
cinquenta e cinco Kwanzas) que fixa as despesas em igual montante, confirma
mais uma vez o quanto é benéfico para os partidos governantes terem maioria parlamentar
absoluta (nem sempre é benéfico para o povo). Pois, o PSD e o CDS juntos (Portugal)
tiveram de cair por não obterem maioria que os permitissem aprovar as suas
políticas, mesmo tendo vencido às eleições.
No caso vertente, a
votação ocorrida ontem no parlamento angolano, correspondeu a 147 votos a favor,
33 contra e duas abstenções.
Segundo os deputados
da maioria, o presente OGE mantém os objectivos nacionais definidos no Plano
Nacional de Desenvolvimento 2013-2017, tais como a preservação da unidade e
coesão nacional, garantia dos pressupostos básicos necessários ao
desenvolvimento, melhoria da qualidade de vida, inclusão de juventude na vida
activa, crescimento do sector privado, bem como a inserção competitiva de
Angola no contexto internacional.
Já os partidos na
oposição, nomeadamente: UNITA, CASA-CE e PRS, mesmo tendo combinado seus esforços
de retórica e de votos, não conseguiram frear à vontade dos deputados dos camaradas.
A posição da UNITA, CASA-CE e PRS
De acordo com a Declaração de Voto da UNITA, o Executivo
resolveu estender os níveis de endividamento ao ponto de pagar 31.64 porcento
do total das despesas e o stock do governo deverá ser de 62.8 mil milhões
dólares norte-americanos e, para referida organização política, tal constitui
“um risco enorme, uma vez que o país depende apenas das exportações do
petróleo”.
Os Maninhos garantem ainda terem votado contra a
proposta lavrada pelo Executivo, porque os indicadores internacionais apontam
para um estado de estagnação da economia nacional, contrariamente às previsões
do Orçamento Geral do Estado 2017.
Este grupo parlamentar é ainda de opinião que no país
se registou uma subida galopante dos preços dos produtos básicos, diminuindo,
em consequência, o poder de compra da população, enquanto o OGE não contempla a
subida dos salários da função pública.
Advogou igualmente que “seria bom e recomendável que
as despesas decorrentes das eleições estivessem devidamente espelhadas no OGE/
2017, visto que será o ano de eleições gerais.
Entretanto a CASA-CE é da opinião que o OGE/ 2017 peca
por uma série de insuficiências que não foram corrigidas, apesar dos apelos
feitos por esta bancada parlamentar, tais como os referentes às reservas
provenientes das receitas petrolíferas, o fornecimento de energia e águas.
“O regime especial de controlo deve ser da responsabilidade
da Assembleia Nacional e não do Executivo, pois este órgão não pode ser ao
mesmo tempo executor e fiscalizador”, refere a declaração de voto.
Para a CASA-CE, “todos os dinheiros que aparecem a
posterior da aprovação do OGE devem ser incorporados do mesmo modo que se faz
um orçamento rectificativo quando surge aumento de despesas, o mesmo deve
ocorrer em relação às receitas”.
Já o PRS, que se absteve, considera que o
Executivo está a trabalhar no sentido da diversificação da economia, reforçando
as infra-estruturas essenciais para o crescimento a longo prazo. Também
compreende que este orçamento é o possível, não o desejado e o Executivo
pretende com isso prestar um serviço de acomodação da despesa pública, para
além de promover a actividade não petrolífera e incrementar a produção interna
e de exportação.
Contudo, considera irrisórios os valores alocados ao
sector da agricultura, na ordem dos 7,3 porcento, uma vez que se trabalha para
a diversificação da economia e este sector joga um papel preponderante na
materialização deste desiderato.
Considera que “as despesas funcionais agrupam as
províncias em três categorias, a primeira classe as do Norte, que tende em
afirmar-se como importantes pólos industriais e petrolíferos com um
desenvolvimento a curto prazo, as de segunda classe mais ao sul do pais, que
tendem a ser mais urbanos com uma agricultura empresarial e um desenvolvimento
industrial, que tendem a crescer a longo prazo e outras de terceira classe ao
centro e leste do país”.
O PRS entende que “um orçamento deve de princípio
contribuir para o combate das assimetrias, mas pelo contrário, este orçamento
claramente as promove”.
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