AS ELEIÇÕES E O RESPEITO PELAS DIFERENÇAS


Mauro Adriano Mendes
Por Mauro Adriano Mendes*
Façamos um pouco de história sobre a problemática da diferença. A visão da ciência sobre a diferença informa-nos que esta pode manifestar-se a partir de várias dimensões: étnica, política, religiosa, económica, etc. No quadro das relações humanas é salutar que as diferenças sejam geridas a partir de uma visão antropológica. A antropologia moderna explica-nos que ser diferente não é ser inferior, sejam quais forem as variáveis que compõem esta diferença. A diferença é um produto de todas as sociedades, povos e nações, deve ser enquadrada na problemática da Diversidade quer biológica quer cultural, ou de outra natureza.
Embora a experiência nos mostra que no quadro das relações políticas nem sempre a diferença é respeitada e que esta situação é maia grave durante os processos eleitorais, em que o adversário é frequentemente instrumentalizado ao ponto de se lhe retirar identidade, nada seria mais perigoso para Angola do que manter hábitos que alimentem o ódio entre grupos. Necessitamos de cidadãos conscientes que respeitem o outro, animados todos pelo espirito da angolanidade.
O respeito pela diferença deve ocupar um lugar central durante o processo eleitoral como sinónimo de maturidade política dos actores envolvidos em tal processos. Por isso, "o confronto" entre políticos, em minha opinião deve incidir no respeito pelo outro, no princípio da alteridade, na medida em que o outro não é um alvo a abater mas um concorrente com direitos e princípios reconhecidos no jogo democrático.
Enquanto eleitores esperamos que os partidos políticos nos convenção pela solidez dos seus programas e que na sua vontade de alcançarem o poder político conheçam as necessidades reais das massas, o que eles pretendem, como vêem os políticos, que interesses perseguem, quais as suas representações sociais. Embora pareça medieval, a verdade é, "as massas possuem uma profunda tendência para venerar personalidades. No seu idealismo(...) têm necessidades de deuses terrenos aos quais se agarram com tanto mais amor quanto mais duras forem as suas condições de vida (Robert Michels, 1989:92).
Para nó eleitores angolanos, as eleições não são uma mera troca de governos nem uma simples continuidade dos mesmos. De forma simplificada pode dizer-se que, neste acto que todos esperamos que decorra com normalidade contém, nas suas estranhas, os sonhos de alguns e a esperança de todos para uma vida diferente.
Os políticos devem compreender que as massas esperam que a inteligência de cada cidadão seja posta ao serviço da pátria e não na criação de intrigas que possam encaminhar o país para uma intolerância exacerbada com repercussões negativas.
*Consultor Político
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